Os enredos
Viradouro: “Não há tristeza que pode suportar tanta alegria”
No próximo carnaval, a Viradouro tentará o bicampeonato com o enredo “Não há tristeza que possa suportar tanta alegria”, dos carnavalescos Marcus Ferreira e Tarcísio Zanon. O desfile vai destacar o sentimento dos cariocas na folia de 1919, que marcou o fim da pandemia da gripe espanhola.
— Esse carnaval vai marcar o retorno à vida normal. E o enredo é nesse propósito da retomada da vida e de mostrar como o carnaval de 1919 projetou o carnaval que conhecemos hoje, com alegria e samba. Sabemos que muitas pessoas perderam seus familiares, mas precisamos tirar forças para seguirmos em frente. Temos muita fé de que continue essa perspectiva de melhora na vacinação — disse Zanon ao apresentar o tema.
Mangueira: “Angenor, José e Laurindo”
A Mangueira vai homenagear três dos maiores ícones de sua história: Cartola, Jamelão e Mestre Delegado. Com o enredo “Angenor, José e Laurindo”, o carnavalesco bicampeão da verde e rosa, Leandro Vieira, segue para seu sexto trabalho na agremiação. O título do enredo remete aos nomes de batismo dos baluartes celebrados: Angenor de Oliveira (Cartola), José Bispo Clementino dos Santos (Jamelão) e Hélio Laurindo da Silva (Mestre Delegado).
— Esta é a trinca de reis em que acredito — brincou Leandro, quando anunciou o enredo, fazendo referência ao enredo “Trinca de reis”, levado pela Mangueira à Avenida em 1989, quando amargou um 11º lugar num tributo a Chico Recarey, Walter Pinto e Carlos Machado, considerados os reis do show, do teatro de revista e da noite, respectivamente .
Paraíso do Tuiuti: “Ka ríba tí ÿe – Que nossos caminhos se abram”
O Paraíso do Tuiuti vai levar para a Avenida um enredo afro desenvolvido pelo carnavalesco campeão Paulo Barros, “Ka ríba tí ÿe – Que nossos caminhos se abram”. O tema vai exaltar as histórias de luta, sabedoria e resistência negra.
— Eu sou um gestor no Carnaval que sempre vou querer o melhor para a minha escola. Quem teve a oportunidade de olhar o projeto do enredo sobre os bichos (que seria o tema do desfile de 2021), pode constatar como o Paulo Barros é criativo, inventivo. Um projeto incrível! Só que ele queria mais. Em uma das minhas muitas conversas com ele, falamos sobre enredo afro. E não é que ele se empolgou, e muito. Vai ser um desfile com um ‘DNA’ do Tuiuti”, brincou o presidente Renato Thor, na ocasião do anúncio do enredo em substituição ao anterior.
Grande Rio: “Fala, Majeté! Sete chaves de Exu”
Atual vice-campeã do carnaval carioca, a Acadêmicos do Grande Rio vai levar para a Sapucaí o enredo intitulado “Fala, Majeté! Sete chaves de Exu”, contando histórias e manifestações culturais ligadas à simbologia da entidade do candomblé. Novamente, a escola de Duque de Caxias será comandada pelos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora, que assinam seu segundo enredo autoral na agremiação.
—Exu apareceu de maneira pontual nos últimos três enredos que eu e Leonardo levamos para a Marquês de Sapucaí, então é algo que está no nosso imaginário artístico. Eu sempre tive o desejo de desenvolver um enredo dedicado a Exu, até mesmo pela ligação com o meu avô materno, que tinha um terreiro. Ao longo do processo de feitura do carnaval do ano passado, começamos a esboçar as ideias que nos levaram a essa nova narrativa, que segue por caminhos muito diferentes, tanto na forma de contar o enredo quanto no visual que já estamos colorindo — explicou Haddad, quando definiu o tema.
Portela: “Igi Osè Baobá”
A Portela vai levar para a Sapucaí, o enredo “Igi Osè Baobá”, que será desenvolvido pelos carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage e contará a história e retratar a simbologia dos baobás, árvores gigantescas e milenares originárias da África. A importância dos baobás será mostrada, ainda, através de aspectos como ancestralidade, religiosidade, identidade e memória, entre outros. A presença de baobás no Brasil e o legado cultural dos milhões de seres humanos escravizados trazidos da África também terão destaque no desfile da escola.
— Temos um excelente enredo! A humanidade respira novos ares, e a Portela está conectada com este momento. O baobá é o alicerce, a representação da distância, da dor, da saudade, da incerteza e da esperança de voltar. Além disso, simboliza resistência. Por tudo isso é considerada a árvore da vida — destacou o presidente da Portela, Luis Carlos Magalhães, na época do lançamento.
São Clemente: “Minha vida é uma peça”
O ator e humorista Paulo Gustavo, morto vítima da Covid-19 no começo de maio, será enredo da escola de samba São Clemente no próximo carnaval. A escola já tinha tema escolhido “Ubuntu” para o ano que vem, mas decidiu mudar para homenagear o artista. “Minha vida é uma peça” será o título do enredo.
—O Paulo era uma figura sensacional. Ele era alegre, irreverente e crítico. Um cara que sempre colocou a família em primeiro lugar. Em 2013, quando falamos sobre novelas, ele esteve conosco na Avenida. Tenho certeza que faremos uma linda homenagem —comentou o presidente da escola, Renato Almeida Gomes, o Renatinho, no texto em que foi comunicada a mudança.
Vila Isabel: “Canta, canta minha gente! A Vila é de Martinho!”
Grande ídolo da escola, Martinho da Vila será o enredo da Vila Isabel no carnaval do ano que vem. Para o sambista, ver a sua história contada na Marquês de Sapucaí será inesquecível.
— É uma grande homenagem ser citado como enredo no maior espetáculo da Terra, que é o carnaval. Ainda mais se isso acontecer na sua escola de samba de coração— disse Martinho, por ocasião de divulgação do enredo.
Salgueiro: “Resistência”
A escola apresentará o tema “Resistência” na busca do seu décimo título no carnaval carioca, retratando locais do Rio de Janeiro marcados como pontos importantes de resistência cultural preta.
—Nosso enredo é de extrema relevância social e cultural e entendemos que muitos foram os acontecimentos que permearam a inspiração dos nossos poetas na construção de cada obra, no momento que o enredo foi lançado — disse o diretor de carnaval Alexandre Couto ao anunciar a retomada do processo para escolha do samba, parada desde o fim de 2020, com autorização aos compositores para fazer ajustes na letra das obras inscritos.
Mocidade: “Batuque ao caçador”
A Mocidade Independente de Padre Miguel levará para a Sapucaí o “Batuque ao Caçador”, um tema afro que terá Oxóssi como figura central. Homenagear o orixá é um pedido antigo da comunidade da Mocidade, já que uma das marcas da “Não Existe Mais Quente”, bateria da agremiação, é o toque de caixa em homenagem a Oxóssi. Em 2020, a escola homenageou Elza Soares e ficou em 3º lugar. No próximo desfile a escola vem para ganhar.
—Oxóssi vai nos trazer o título. Vamos ganhar esse carnaval — aposta Marco Antônio Marino, diretor de carnaval da escola.
Unidos da Tijuca: “Wanarã — a reexistência vermelha”
Denominado “Waranã – A Reexistência vermelha”, o tema abordará a lenda do guaraná. O enredo é de autoria e desenvolvimento do carnavalesco Jack Vasconcelos, estreante na agremiação.
— É um momento especialíssimo para mim. É meu primeiro carnaval na Unidos da Tijuca e isso me enche de alegria. É também uma sensação boa por anunciar um enredo com um tema que gosto de pensar que seria aprovado, endossado por um artista que foi um dos responsáveis por despertar em mim esse amor, esse encantamento que tenho pelos desfiles das escolas de samba. Oswaldo Jardim de alguma forma estará ao nosso lado nessa odisseia, eu acredito. Esse profissional do carnaval foi uma das minhas inspirações na hora de pensar o enredo. Nosso tema é uma mensagem de renovação, renascimento —declarou Jack ao anunciar o enredo.
Beija-Flor: “Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor”
O enredo “Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor”, tem a proposta, segundo a escola, de “enaltecer as glórias e as histórias dos negros”, sem deixar de abordar a luta contra o racismo. Para personalidades da Azul e Branco, como Selminha Sorriso, o enredo levará para a Marquês de Sapucaí um grito de alerta e reivindicação:
— É um enredo pertinente e importante para toda a história da humanidade. Estou muito feliz e já esperava algo nesse sentido, um enredo que falasse dos negros. As escolas de samba sempre foram a voz do povo, com gritos de alegria, de alerta e de democracia. A Beija-For vem para cobrar os sentimentos de igualdade e de gratidão que todos devem ter com o próximo, independente de qualquer coisa. O negro sempre foi o povo mais sofrido — disse a porta-bandeira.
Imperatriz Leopoldinense: “Meninos, eu vivi… onde canta o sabiá, onde cantam Dalva e Lamartine”
O enredo da Imperatriz Leopoldinense, “Meninos, eu vivi… onde canta o sabiá, onde cantam Dalva e Lamartine”, da carnavalesca Rosa Magalhães, vai homenagear o também carnavalesco Arlindo Rodrigues, morto em 1987. O último trabalho dele, “Estrela Dalva”, levou a Imperatriz ao sexto lugar, naquele ano.O carnavalesco também ajudou a escola a conquistar seu primeiro bicampeonato. Em 1980, com “O quê que a Bahia tem?” e em 1981, com “O teu cabelo não nega”, este último reeditado como “Só dá Lalá” pelo carnavalesco Leandro Vieira, o enredo de 1981, em homenagem a Lamartine Babo, voltou a dar mais um título a Imperatriz, que foi campeã na série A em 2020, retornando assim ao Grupo Especial. Com o enredo para 2022, Rosa Magalhães também presta reverência a dois grande nomes da música brasileira e do carnaval carioca: Dalva de Oliveira e Lamartine Babo.
Fonte: Extra | Foto: Jovem Pan News