Moda&Conteúdo

É possível observar uma mudança no São Paulo Fashion Week. Há algum tempo o evento vem se sustentando por muletas e tentando encontrar um tom para seguir como a principal semana de moda da América Latina. Esse ano mais do que nunca, presenciamos discursos políticos, moda com apelo social, apoio aos trabalhos manuais e técnicas ancestrais, visibilidade de causas, inclusão, diversidade de corpos e tantas outras pautas urgentes.

Mas, parece que nenhum desses temas são interessantes a ponto de chamarem atenção do olimpo das influenciadoras de moda, que em prontidão para as marcas que não falam português, estão nas pontes aéreas internacionais com “looks do dia” cheios de pompa, selfies em restaurantes très chic e em confraternizações rasas.

Me pego pensando quais os reais motivos por trás desse sombreamento de personalidades que se autointitulam como ditadoras de moda e tendências. Muitas delas flertam com as ideologias de direita, inclusive, até campanha fizeram. Lembram? Essas pautas de mudanças e inclusões não fazem parte de suas vidas.

Por outro lado, a ausência serviu para preencher espaços como a retomada e visibilidade para o jornalismo tradicional de moda, que durante os dias de desfiles, cumpriu sua função de comunicar e levar informação de uma maneira transparente e genuína.

Passando por alguns conteúdos me deparei com uma pessoa com mais de 2 milhões de seguidores aqui no Instagram nos corredores do SPFW e dizendo “A gente vem pro SPFW sem entender nada”. E quem não entende somos nós, como a internet pode dar voz a tanto conteúdo banal, enquanto vários criadores independentes tentam se manter entre um post e outro, trazendo conteúdo com embasamento, estudo e técnica, e por outro lado, vendo portas fechadas em uma indústria que necessita de pessoas que contem suas histórias com fatos.

Seguimos por aqui tentando moldar esse sistema e continuar acreditando em uma moda com propósito.

Por Rener Oliveira, Jornalista e Conteudista de Moda

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