Bicicleta inteligente: sistema garante mais segurança e conforto para mobilidade de ciclistas

Por Cecília Costa – IMD/UFRN

Os benefícios que o ciclismo proporciona tanto para a saúde do ciclista como para o trânsito urbano não são exatamente uma novidade. Uma maior difusão da prática, no entanto, ainda esbarra em fatores como os riscos do tráfego das grandes cidades e, até mesmo, a poluição ambiental, já que se trata de uma atividade desempenhada ao ar livre.

Pensando nesse contexto, um grupo de pesquisa vinculado ao Laboratório de Sistemas Embarcados (Lasem), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), criou um sistema inteligente para bicicletas em áreas urbanas, chamado Bike-IT. A solução visa a proporcionar mais conforto e segurança durante a mobilidade dos ciclistas, fornecendo alguns dados, por exemplo: velocidade, distância percorrida, tempo de deslocamento e gasto calórico.

Mas, suas funcionalidades não param por aí. O Bike-IT também permite – e aqui temos seus principais diferenciais – que se detecte a aproximação de obstáculos e de veículos bem como que seja feito o monitoramento de aspectos ambientais, como a qualidade do ar, inclusive, com o recebimento de alertas de segurança em tempo real. O equipamento é capaz, ainda, de perceber que um carro com velocidade maior que os demais se aproxima do ponto no qual o ciclista se encontra.

Infográfico: Murilo Cavalcante/Ascom-IMD

A parte do hardware do sistema é composta por uma caixa de sensores acoplada atrás do selim e por um smartwatch ou, até mesmo, um celular comum. Já o software foi desenvolvido tendo como base um sistema embarcado que funciona via geolocalização e que permite a comunicação tanto entre bicicletas como entre os ciclistas de um mesmo grupo.

Além disso, a conexão do Bike-IT é possível através de quatro modalidades: bluetooth, 3G, wi-fi e LoRa. Essa última, cuja sigla significa long range (longo alcance, em português), é uma rede de comunicação sem fio que funciona por meio de radiofrequência. Seu diferencial é possuir um baixíssimo consumo energético, ideal para aplicações de sistemas embarcados em campo, e possibilitar uma comunicação de longo alcance, na ordem de 10 km.

Projeto

Infográfico: Murilo Cavalcante/Ascom-IMD

A parte do hardware do sistema é composta por uma caixa de sensores acoplada atrás do selim e por um smartwatch ou, até mesmo, um celular comum. Já o software foi desenvolvido tendo como base um sistema embarcado que funciona via geolocalização e que permite a comunicação tanto entre bicicletas como entre os ciclistas de um mesmo grupo.

Além disso, a conexão do Bike-IT é possível através de quatro modalidades: bluetooth, 3G, wi-fi e LoRa. Essa última, cuja sigla significa long range (longo alcance, em português), é uma rede de comunicação sem fio que funciona por meio de radiofrequência. Seu diferencial é possuir um baixíssimo consumo energético, ideal para aplicações de sistemas embarcados em campo, e possibilitar uma comunicação de longo alcance, na ordem de 10 km.

Iniciado em 2019, o projeto do Bike-It é coordenado pelo professor José Alberto Nicolau de Oliveira, do Departamento de Engenharia Elétrica da UFRN, e integrado pelos alunos egressos do mesmo curso: Hélio de Sousa Peres, Emerson Weslley Guedes e Fellipe Augusto Araújo Leandro. O grupo de pesquisa desenvolve o Bike-IT no âmbito do Lacem, laboratório que faz parte do Núcleo de Pesquisa e Inovação em Tecnologia da Informação (nPITI), que, por sua vez, integra o Instituto Metrópole Digital (IMD/UFRN).

Um impulso para o desenvolvimento do projeto aconteceu quando o grupo criou uma empresa – a STOX Technology – para poder concorrer ao Edital Centelha, realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) anualmente. O docente José Nicolau conta que, de um universo de 200 concorrentes, o projeto ficou entre os 15 selecionados e, a partir do final de 2020, beneficiou-se de uma série de consultorias e de treinamentos em áreas, como a de precificação do produto, divulgação e gestão da empresa recém-nascida.

Comunicação

Para um dos membros do projeto, o engenheiro Hélio de Sousa, um outro diferencial do sistema é permitir ao ciclista que tenha sempre à disposição alguma forma de comunicação para que haja conectividade entre os aparelhos. “Se um grupo de ciclistas vai para uma área remota, como uma serra, esse é um fator importante para que estejam seguros”, detalha.

Dessa forma, caso ocorra acidente ou, até mesmo, algum integrante do grupo acabe se perdendo, o Bike-IT consegue emitir alertas, avisando a localização do acontecimento. Além disso, se o sistema estiver conectado a um ambiente de Cidade Inteligente, até as autoridades já podem ser notificadas. E tudo isso é garantido justamente pela variedade de modalidades de conexão proporcionada pelo software.

O também engenheiro Emerson Weslley explica que o sistema tem dois níveis de comunicação: entre o relógio inteligente e a caixa de sensores (via bluetooth) e entre os relógios em si, que é a comunicação feita usando o 3G e ou o LoRa. “Usamos tudo junto, mas com funcionalidades diferentes. Se você for para uma área sem conexão via wi-fi, o LoRa fica como backup, por exemplo”, explica.

As funcionalidades do Bike-It podem, inclusive, ultrapassar as vantagens imediatas aos ciclistas, sendo útil, a título de exemplificação, em caso de diagnósticos de acidentes, já que o software tem a capacidade de indicar o direcionamento de veículos envolvidos em situações dessa natureza.

Ademais, existem benefícios em potencial no que diz respeito ao aspecto ambiental e à saúde do usuário. “O ciclista pode estar trafegando por áreas com alto nível de poluição do ar, mas não sabe disso, porque, na maioria das vezes, os gases não têm cheiro e nem cor. Ele pode estar inalando substâncias inadequadas sem se dar conta”, comenta o professor José Nicolau. É aí que entra o Bike-It que alerta justamente para casos desse tipo.

“O sistema consegue essa medição do ambiente por meio de seus sensores que gravam os dados e informações geográficas e os relacionam com a poluição do ar. Estas informações ficam armazenadas em nuvem, podendo ser usadas para indicar quais regiões da cidade estão mais poluídas”, explica Hélio de Sousa, destacando que tais dados ainda podem ter a função de ajudar órgãos de monitoramento da qualidade do ar urbano.

Protótipo

O protótipo completo do Bike-It está perto de ficar pronto, com 95% dele já realizado. O produto deve ser apresentado ao Sebrae – que apoiou seu desenvolvimento através do Edital Centelha – até o final do mês. Nessa ocasião, o sistema passará por uma inspeção, a qual será a última fase antes que o projeto passe a tratar de providências necessárias para que comece a ser produzido e comercializado.

Para saber mais sobre o Bike-IT, acesse aqui.

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