Adotando a espiritualidade e a fé como elementos culturais, livres de qualquer tipo de institucionalização, as obras representam os santos “vestidos” com esse manto de histórias e heranças, ressaltando costumes, “dizeres”, tradições e festas que tenham contribuído para a construção da identidade e do legado popular.
A exposição, que estreou em maio deste ano na cidade natal da artista, Caicó/RN e que tem curadoria artística de Jean-Marc Diogo e direção de arte de BuBuia Art Collective, é formada por um conjunto de 13 obras, que exploram os aspectos da fé que transcendem os limites da religião, permeando a tradição e o imaginário popular. Tomando como ponto de partida a iconografia católica e seus sincretismos, as obras retratam as diversas formas em que a fé é apresentada.
“Minha infância foi em Caicó RN, uma cidade católica no interior do estado, cresci lá com as figuras dos Santos sempre presentes, seja em festividades, dizeres, costumes ou tradições, eu presenciei a espiritualidade e a fé como elementos culturais. A arte para mim é lugar de encontro. Quando decidi montar uma exposição utilizando a iconografia católica que me é familiar, não quis ressaltar a religião em si, e sim a cultura popular. Trago nos santos elementos que representam nossa miscigenação, uma pluralidade de um povo diverso com várias ancestralidades, nós Brasileiros somos um povo sincrético.Os estudos para desenvolver as artes vieram de músicas, poemas, artigos, relatos coletados de amigos e conhecidos. Estudei a história bíblica de cada santo, suas representações em outras religiões, as festividades e costumes indígenas que já existiam antes da igreja católica chegar em nosso continente. Aprendi muito, nossa história tem muito sangue, mas tem muita cor também, e é isso que quero externalizar. Tenho admiração pela fé, pelas interações sociais e pelo legado popular que nós criamos ao longo dos anos.”, destaca Ariell.
(Por Blog Heitor Gregorio)