Poderia ser uma máquina sonora que transforma o gramado em uma roda gigante, o intérprete de Libras a bailar no palco ou o sentimento de liberdade de quem desliza de cabeça para baixo numa tirolesa. Alegria, encantamento, inclusão e arte, tudo junto e misturado, fizeram do MADA 2023 um festival entre os gigantes do Brasil. A edição de 25 anos que terminou na manhã deste domingo (15) reuniu 32 mil pessoas na Arena das Dunas e virou um divisor de águas na realização de eventos no RN.
“Foram 32 mil pessoas sem nenhuma ocorrência, gerando 1032 empregos diretos e indiretos e uma preocupação de fazer um evento acessível e confortável ao público, com inclusão e respeito à diversidade, oferecendo a experiência única de vivenciar a música em toda sua riqueza. Um festival para que se tenha orgulho de estar aqui no RN”, declarou o produtor Jomardo Jomas.
A segunda e última noite do MADA entregou shows de peso da música contemporânea e encerrou com uma chuva de fogos para celebrar um quarto de século. A baianidade foi o ponto forte da noite, representada por Baco Exu do Blues, Margareth Menezes, BaianaSystem e Luedji Luna. Com destaque ainda para Karol Conká, Terno Rei, Getúlio Abelha, Gracinha e Urias. O dia raiou com o Baile da Amada no terceiro palco, um festival dentro do festival.
Gracinha deu o pontapé inicial no segundo tempo da edição de 25 anos do MADA deixando claro o magnetismo que a tornou um dos principais destaques da música potiguar atual. “Hoje faz um ano desde que fizemos nosso segundo show da carreira e celebrar esse aniversário no MADA é uma honra” comentou Isa Graça, frontwoman da banda.
A irreverência de Getúlio Abelha levou ao gramado a força da música brega. Com artifícios visuais, performance teatral e seu típico senso de humor aguçado, Getúlio representou Fortaleza e deu sequência à crescente presença do brega que Gaby Amarantos e Luisa e os Alquimistas também levaram ao MADA no dia anterior.
Na sequência, Terno Rei retorna ao festival pelo segundo ano apresentando a tour Gêmeos, no qual explora diversos gêneros do indie em canções cheias de sentimento. A banda já pode se considerar uma queridinha da “capital potiguar” — tal como eles costumam chamar os natalenses.
Luedji Luna ofereceu emoção e balanço em canções do disco Bom Mesmo É Estar É Estar Debaixo D’água. Em um dos shows mais elegantes da noite, a artista descortina para o público um lado ainda mais intimista, cantando e contando histórias de amor e força feminina, inclusive a sua própria.
Então Ministra da Cultura, a veterana Margareth Menezes transformou a Arena das Dunas em um carnaval afropop, repleto de clássicos do samba reggae, como “Faraó” e “Alegria da Cidade”. A artista comemorou seus 61 anos no festival e teve direito a parabéns do público e um bolo oferecido pela produção. Ao final, deu a deixa para a atração que viria depois entoando “Capim Guiné”, sua colaboração com o grupo Baianasystem.
A presença contagiante da nave sonora do Baianasystem já faz parte do calendário anual do MADA. São quatro anos consecutivos, e contando. Desta vez, o grupo trouxe elementos do Sambaqui Show, turnê que tem como ponto de partida a celebração dos 200 anos da Independência da Bahia, e aprofundou o diálogo com sonoridades latinoamericanas, na presença da cantora chilena Claudia Manzo.
Uma das atrações mais aguardadas da noite, Baco Exu do Blues entregou o que seu público queria: Uma chuva de “love songs” e puro magnetismo do palco. O rapper fez o público cantar junto sucessos como “Flamingos” e “Queima minha pele”, e as mais recentes “20 Ligações” e “Samba in Paris”.
O público se manteve no gramado para ver o encerramento com a rapper Karol Conká, que celebrou os dez anos de seu álbum Batuk Freak, relembrando suas primeiras passagens pelo MADA, em 2012 e 2017, pontuado por músicas dos álbuns Urucum e Ambulante (2019). O show pirotécnico marcou o final da festa no gramado. Hora de subir as escadarias para dançar nos arcos da Arena.
Pro dia nascer feliz
Urias foi headliner do Baile da Amada, um festival dentro do festival por Victor Meirelles / download aqui
Enquanto isso, nos arcos da Arena das Dunas, o Baile da Amada abriu os trabalhos com o convite do Baile do Brota à pernambucana Rayssa Dias, uma performance que deu orgulho aos pernambucanos. Seguida da Brega Night Dance Clube, projeto de discotecagem de Luisa Nascim e Carlos Tupy, que envolveram a pista. Pajux, Elisa Bacche, Batuque de Rosas e Coco de Rosa representaram a força inventiva da música eletrônica potiguar. Destaque para Clementaum, que uniu performance, discotecagem, carisma e uma legião de fãs que grudaram na grade. JLZ levou para a pista do Baile da Amada toda a versatilidade da produção musical que viraliza e o torna um destaque em plataformas como o Soundcloud. A noite ganhou seus contornos finais com a certeza de que o Baile da Amada nasceu grande, assim como a multidão que ocupou e entoou os sucessos de Urias. A última batida por minuto saiu das controladoras de DK, o DJ potiguar encerrou mais uma edição do festival MADA com a excelência ancestral que é típica da música eletrônica brasileira.